terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Over the memory


Over the memory – the folds of your skin

Over sweet memory – and I can’t taste no other


Lembro-me de como, em noites de copos, já em horas tardias, as tuas pálpebras ficavam envolvidas como que se de uma película transparente se tratasse, conferindo-lhes um brilho molhado e cintilante sempre que pestanejavas.

Lembro-me de como ao mínimo esforço umas gotas tímidas de suor apareciam no cimo da tua testa.

De como os pelos dos teus antebraços teimavam em querer estender-se até ao dedo ‘mendinho’ mas subitamente paravam no meio do seu caminho com medo de serem descobertos e tomados como um exagero.

Lembro-me de como os teus braços tinham pequenas borbulhas perto dos ombros nas quais insistias em mexer aguçando-lhes o gosto para permanecerem por lá durante mais tempo.

Lembro-me de pequenas covinhas que os teus lábios desenhavam sempre que fazias macacadas.

Lembro-me de como conseguias mover as tuas orelhas e mesmo sabendo que adorava, sempre que o fazias ficavas com um olhar cabisbaixo como que envergonhado.

Lembro-me de como nunca conseguias dominar o teu cabelo que ao sair do banho adoptava uma forma parecida ao de quem acaba de ser electrocutado e que mais tarde o seu carácter indomável insistia em virá-lo sempre para o lado direito.

Lembro-me de como a tua barba nunca ficava bem delineada nas maçãs do rosto devido a uns pelozitos mais finos e dispersos que insistiam em colocar-se em perfeita diagonal e em crescimento mais rápido que os restantes.

Lembro-me de como, ao franzires as sobrancelhas, fazias duas rugas de expressão acima da cana do nariz.

Lembro-me dos sinais perto da axila esquerda e dos dois sinais na hemiface direita, especialmente do mais pequeno, mesmo acima do canto do lábio.

Lembro-me do sulco que tinhas no queixo apenas perceptível quando te olhava de perfil.

Lembro-me do teu ‘pé chato’ e lembro-me das veias óptimas que eles tinham e de como eu me deliciava com vontade de as puncionar..

Enfim.. lembro-me de tudo simplesmente.. sei que não são os pormenores mais românticos.. mas lembro-me…e lembro-me de como adorava passar o tempo a apreciá-los pela sua preciosidade.. E sei que não vou conseguir parar de me lembrar e lembrar e lembrar..por mais que viva, por mais que tente… Lembrar-me-ei de como nunca soubemos lidar com o que tivemos, de que ainda hoje acho que tu és aquele, talvez por nunca ter tido tempo para perceber os teus defeitos ( all of we have them..), lembro-me que não me imagino com mais ninguém e que todos os dias, mesmo que pareça distraída e envolvida na minha estúpida rotina como se nunca me ocorresse pensar em ti, a minha mente ausenta-se sorrateiramente nem que por uns 5 segundos e vai sempre de encontro àquele que dizia adorar o meu casaco branco que parecia retirado de um videoclip dos Beatles…

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ao ouvido...

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