sexta-feira, 12 de junho de 2015


Com tantas guerras que travei
Já não sei fazer as pazes.

terça-feira, 24 de março de 2015






O sangue fala, quente, para que não se descubra o frio com que corre.
E hoje vais deixar de mandar, sempre.

- São cordas que te prendem?
- Sim.
- É uma corda em fogo?
- É.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

 
  Se te escrevo isto é porque estou cheia de saudades tuas. Hoje é um daqueles dias em que me sinto tremendamente neurótica e se o pareço às vezes é porque o medo de te perder é imensamente assustador. Eu sei que tu odeias as minhas comparações com amores passados. Mas quero que entendas que não são as pessoas que eu comparo, são sim os sentimentos, e nunca senti tanto medo de perder ninguém como o que sinto por ti.
Podes não acreditar mas os poucos dias que passámos e que me sabem sempre a tanto, nunca a tão pouco como quando os conto, deram-me mais do que alguma vez anos sem fim. Todos eles são dias dignos de se gravar no coração. E quando olho para ti, de cabeça pousada na almofada, com os olhos tão perto dos meus, percebo que és tu. És tu que me faz sentido na sombra dos dias. E se me olhas, os meus olhos querem dizer-te tudo. E se fixas o tecto enquanto o desfocas em pensamentos, é o meu coração que te fala e pede que o ouças e na maioria das vezes é para tentar convercer-te de que é aqui o teu lugar.
  Ainda estou a tentar gerir o teu espaço com os meus apelos constantes e se me calo no expediente dos dias é para tentar não sufocar-te. Não sei ainda medir a atenção por medo do exagero e opto sempre pelo silêncio. Bem sei que o amor não se gere. Mas o amor é incerto, tem linhas ténues quase transparentes que tenho medo de pisar. E se o silêncio existe, é preenchido com horas em que podia dedicar atenção à futilidade das minhas coisas, mas não consigo porque o corpo me pede que me sente e te escreva estas palavras. Também sei que o amor não se compra mas desde sempre que penso em formas de retribuir o que me dás. E talvez pelo facto dos meus dias roubarem grande parte do meu intelecto , onde ainda espero que resida alguma amostra de criatividade, não sou capaz de fazer surgir algo tão nobre como o que mereces. Decido então oferecer-me a mim, em cada dia que vai passando e nos quais nada me ocorre. E ao oferecer-me gostava que soubesses que por muita cumplicidade criada já nas nossas vidas, com outros alguéns, muito maiores do que a que temos ainda, essa é a melhor coisa não que alguém nos oferece, mas que a vida nos presenteia na melhor das simbioses das relações humanas. Quero investir em mim de forma a recuperar a graciosidade que sempre me acompanhou, só porque existes. Quero que sejas o meu melhor amigo (que me desculpem os meus melhores) e meu cúmplice, e se não vires isso em mim quando me oferto, então não te faço o sentido que tu me fazes e lamento.
  Mas o que fazer no exacto momento em que nos apaixonamos? Sabendo do risco que se corre de ficar para sempre presa àquela pessoa? Aquela pessoa, à minha frente foste tu. Aquela pessoa que foi a única capaz de me tirar das mãos o controlo das situações. Aquela pessoa que assistiu ao acordar de uma histeria interna que só se deixava mostrar num olhar perdido e hesitante que não conhecia sítio para poisar ou fugir. Aquele olhar que de manhã, ao acordar de uma neurose que não conhece, percebeu que não adianta fugir ou esconder-se e que pela primeira vez alguém, decidira por ele onde parar de procurar e que podia assentar poiso, de forma sossegada, sem medo da dor.. porque entre o nada e a dor, devemos escolher o viver-se tudo.
  Dizer-te que desde então trago um balão de ar quente no peito que não pára de crescer, não é exagero na metáfora. Dizer-te que quando estou contigo sinto o contrário do medo que me rouba sentido à existência por não saber das coisas, quando esperava saber de tudo e governar tudo. Lembrar-me de cor de como os teus olhos mudam de cor quando te viras para mim, de que essas horas e dias são tão doces como o dizem as canções brasileiras que te dedico. Que me aqueces o coração como qualquer sambinha bom que gosto sempre de ouvir nas tardes quentes de Domingos com Sol. Que não escolheria melhor parceiro de dança, embaraçada pelo seu improviso, mas muy cobiçada por olhares alheios que juravam que sabíamos o que estávamos a fazer.
  O meu  coração de pedra (porque a vida o obrigou a isso) já não conhece resistência quando está contigo, porque é facil ser-se transparente e é facil dizer-te que te gosto e que quando fecho os olhos com força é porque estou a pedir ao processo cósmico que nos tornou possíveis como dupla, que te mantenha assim para todo o sempre, nessa pessoa que quando se vira para mim me faz sentir feliz, porque é facil ser-se tão verdadeira e evidente contigo, porque és assim tão igual ao que eu sou.
  Se me calo e panico, de quando em vez, não te canses ou aborreças, pensa só que é porque não quero perder-te nunca e que esta é a consequência do que me fazes, do tão e quão bem me fazes.

ao ouvido...

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