quarta-feira, 6 de junho de 2012




Fecho os olhos com toda a força. Sinto um rasgo de dor no peito. Não é o medo. É a certeza. A certeza de que quando abrir os olhos vou encontrar o mesmo tecto branco de sempre.

Sinto o peso todo do mundo em mim. Das lacunas que me sobram. E quando penso no vazio, o vazio ocupa-me. Ocupa-me as vestes, ocupa-me a loiça que não se arruma sozinha. Ocupa-me a forma que de mim fica no sofá. Ocupa-me até a preguiça que se cansa de o pensar. Ocupa-me e quando penso em ocupá-lo só me ocorre a estúpida palavra, que de tanto repetir perde o significado. Lacunas.. lacunas.. lacunas.. lacunas.. .
E é aqui que eu vejo o poder do desgaste. A sabedoria por detrás de um "Tudo o que é demais começa a cheirar mal!" Quando as soluções não sobejam, nada melhor do que olhar para tudo segundo o prisma do consumo. Desgastarmo-nos em pensamentos, enjoarmos a angústia da problemática. Empanturrarmo-nos tanto mas tanto do vazio que não temos outra solução a não ser repeli-lo. O que era nítido na incerteza, agora enfraquece. Não te quero mais. Mais do que o que me aborreces, repulso-te até. Não há ponto forte demais, que não possa ser corroído.
Vou dormir, tranca a porta quando fores.

ao ouvido...

Seguidores

Arquivo do blogue