domingo, 17 de junho de 2007

Poeta Castrado Não..!

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Serei tudo o que disserem
por inveja ou negação:
cabeçudo dromedário
fogueira de exibição
teorema corolário
poema de mão em mão
lãzudo publicitário
malabarista cabrão.
Serei tudo o que disserem:
Poeta castrado não!
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Os que entendem como eu
as linhas com que me escrevo
reconhecem o que é meu
em tudo quanto lhes devo:
ternura como já disse
sempre que faço um poema;
saudade que se partisse
me alagaria de pena;
e também uma alegria
uma coragem serena
em renegar a poesia
quando ela nos envenena.
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Os que entendem como eu
a força que tem um verso
reconhecem o que é seu
quando lhes mostro o reverso:
.
Da fome já não se fala
- é tão vulgar que nos cansa -
mas que dizer de uma bala
num esqueleto de criança?
.
Do frio não reza a história
- a morte é branda e letal -
mas que dizer da memória
de uma bomba de napalm?
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E o resto que pode ser
o poema dia a dia?
- Um bisturi a crescer
nas coxas de uma judia;
um filho que vai nascer
parido por asfixia?!
- Ah não me venham dizer
que é fonética a poesia!
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Serei tudo o que disserem
por temor ou negação:
Demagogo mau profeta
falso médico ladrão
prostituta proxeneta
espoleta televisão.
Serei tudo o que disserem:
Poeta castrado não!
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- Ary dos Santos -
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(desculpa..não resisti.... )
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1 comentário:

peo disse...

fosse eu poeta castrado mas não. sou um pintor-escritor-sonhador sem tempo para sonhar. perco demasiado tempo a pensar. abulias é comigo! mas hei-de agir! agradeço o balão do meu mundo. espero com isto poder sonhar. beijo

17/Jun/2007 23:50:00

ao ouvido...

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