sábado, 23 de outubro de 2010

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São muitas as sensações que por mim passam neste momento, e nenhuma delas de carácter positivo... posso até atribuir a razão deste pesar a uma paixão que morreu
uma paixão que morreu por muitas terem ido na sua frente..
Recordo-me de um dia ter perguntado a um médico no serviço se é possível morrer-se de desgosto.. e ele sorriu, não quis responder porque sabia perfeitamente que eu sabia a resposta.
E desgosto após desgosto, sinto que me estou a definhar aos poucos..

Vou ser clara, precisa e objectiva,
sempre pensei que nunca dei nada por nenhuma paixão que tenha dado tudo por mim.. basicamente eu conhecia a paixão e ela ia-me envolvendo, entregava-me tudo o que de melhor sabia, eu saboreava-a e era feliz.. mas pouco a pouco fui percebendo que eu também me entregara a cada uma delas.. e isso, isso é darmos muito.. e ao darmo-nos a nós estamos, quiçá, a dar demais quando nos apercebemos de que não estamos a receber o mesmo em troca, ou simplesmente aquilo que recebemos já não é suficiente para nos fazer feliz...

Vou ser ainda mais franca,
chego a pensar na maioria das vezes não há nada nem ninguém capaz de se dar sem o interesse de receber algo em troca.. por muito que o contradigamos.. há sempre um qualquer prazer que tentamos 'sacar', mesmo que alheio à nossa percepção, mas que esperamos sempre obter em troca.

Mas as minhas paixões morreram, e apercebi-me que me senti triste pela primeira vez por uma paixão morta, quando percebi o quanto dei de mim e de que tudo o que dei ficou e morreu com ela.
Já foram tantas as minhas paixões
tudo o que tinha fora do meu trabalho
tudo o que me movia dentro deste
um coração outrora tão cheio e que agora fechei para sempre
pessoas que julgara num pedestal e que a desilusão as tombou
e agora eu
a paixão por mim..
transformei-me
percebi que não sou a mesma
possivelmente porque antes tinha grandes paixões que me compunham
e agora que já não as mais tenho
fiquei vazia
houve alturas em que me iludi
pensei que a força da massa que me move fosse capaz de, pelo menos, me distrair um pouco, imaginar que era a mesma pessoa, sentir-me minimamente bem enquanto não encontrava novas paixões.
mas tal como todas as ilusões, revelou-se-me também esta na dura realidade...não há ilusões para sempre... não passam de encantamentos que inventamos quando desesperadamente tentamos manter-nos à tona.

Sinto-me como se estivesse a ser bombardeada com cada vez mais força..
que as balas me tocam nas cicatrizes antigas..
que ocupam o meu corpo aos poucos e lentamente me estou a aperceber de que já não vai haver espaço para mais..

Sei que a vida é uma questão de capítulos.. uns melhores, outros nem por isso, mas que inevitavelmente têm de ser encerrados para que possam surgir outros novos, e isso está simplesmente fora do nosso controlo, faz parte da vida que temos e também faz parte ficarmos sempre com marcas do que já foi e não volta a ser,
mas estou a ficar sem espaço para mais !!

Gosto dos dias em que me fazes esquecer tudo isto, podes não te aperceber mas dás-me força para sorrir e afastar as nuvens cinzentas por momentos.. mesmo que para que isso aconteça tenhas de estar triste e fazer-me sentir que fico impotente por não poder fazer mais por ti.. Mas caramba, o facto de conseguir-se, mesmo que por breves momentos, esquecer-se o que nos consome é tão bom!!!

Os últimos dias não têm sido fáceis.
Têm-me matado aos poucos.
Não aguento mais voltar ao sítio onde habita ainda a minha única paixão
porque só uma paixão muito forte nos faz continuar, dia após dia, numa insistência que julgamos ser capazes de aguenta-la mesmo quando esta se transforma e enfraquece, até ao final dos nossos dias..
porque quando damos um pouco de nós não baixamos os braços
porque não queremos ver tudo o que demos de nós a esmorecer-se com ela..
e por isso lutamos, e por isso insistimos, e por isso seguimos todos os dias nem que isso signifique um perpetuar da dor
Hoje, a dor foi forte demais.

Escrito isto, continuarei a fingir ser feliz.
Sempre fui melhor a fingir do que a falar de mim...
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3 comentários:

Anónimo disse...

...esquecer-me-ás na melodia breve dos pássaros e do bater de asas, aplausos...
tenho sede do sol de antes, das mãos pintadas de lama e os cabelos vestidos de pó
tenho saudades das bofetadas e dos joelhos em sangue, das telas partidas, dos espelhos perdidos
tenho saudades da exaustão do riso, tenho saudades de ti...
e se eu pudesse voltar atrás! (em choro) por Deus, leva-me daqui!
que eu não quero estar aqui! eu não quero estar aqui!
que as noites trazem o desassossego dos anjos e o riso das crianças...
da criança que chora dentro de mim! meu Deus...onde foi que me perdi?
e um dia, um dia estarei dentro de tudo...serei o bater das ondas junto ás rochas
...dentro de tudo...e um dia, serei quase tudo, quase tudo
quase tudo aquilo que perdi... que o tempo apagou,
que o tempo triste traz nas mãos quando dentro dele me ver vem...
e de sorrisos se formam os astros e da poeira nasce o perdão
e de todos os risos que te fotocopiei, não breves serão
como beijo teu, numa primavera de verão.

Ghost

Dani disse...

E quem será este Ghost fardado/a à HFF?! ;)

Anónimo disse...

Ainda que penses que procurei algo em ti, digo-te que de incerta nd estavas mas digo-te também que o teu medo feriu-me de tal modo que te fez perder tudo o que poderias ganhar.
Às vezes gostava de ser como tu e outras vezes detestaria ser-te, só pela razão lógica de que tens medo de viver.

Até sempre.

ao ouvido...

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